2021 foi um ano longo. Pelo menos, foi o que senti. Parece que janeiro foi há muito tempo atrás e o resto dos meses seguiram numa velocidade contida. De qualquer forma, não importa o quão arrastado qualquer ano for, no final dele a gente sempre pensa "ué, mas já?".
Junto com esse pensamento, chegam as tradições de sempre. Datas comemorativas, correria para resolver pendências e encontros com pessoas que não víamos há muito tempo (e tendo em vista a pandemia, bota tempo nisso!).
Uma de minhas tradições favoritas do final de dezembro é pegar a lista de todos os filmes que eu assisti e montar os meus favoritos. Nunca consigo colocar poucos títulos (inclusive, é por isso que no final desse post vocês vão encontrar a continuação até o Top 30), mas aqui separei os 10 que mais me deixaram empolgada, os que mais gostei, ou que me tocaram, ou simplesmente me fizeram lembrar o quanto eu amo Cinema.
10. Culpa (2018)
Curiosamente assisti Culpa no mesmo ano que foi lançado o seu remake pela Netflix, O Culpado. Até comecei a assistir a versão estadunidense, mas nos primeiros minutos me dei conta de que era exatamente o mesmo roteiro, quase até mesmo os mesmos enquadramentos. Então, deixei de lado.
O filme original, dinamarquês, dirigido por Gustav Möller, não te permite tirar os olhos da tela. A ansiedade de saber o que vai acontecer te prende durante os 85 minutos de filme em que acompanhamos Asger, um atendente de chamadas de emergência. Os enquadramentos fechados contribuem para a claustrofobia que começa quando o homem recebe a ligação de uma mulher que foi sequestrada.
9. Be Natural: A História não Contada da Primeira Cineasta do Mundo (2018)
Esse incrível documentário, realizado por Pamela B. Green e narrado por Jodie Foster, traz a história de Alice Guy-Blaché, a primeira cineasta do mundo. Foi maravilhoso descobrir mais sobre a vida e a incontável lista de realizações que Alice Guy conseguiu em uma época inimaginável. Infelizmente, seu nome ainda é muito desconhecido e foi omitido de livros. Esse documentário é de extrema importância para apresentar o quão essencial e inovadora Alice foi. Sua história precisa ser conhecida.
8. Aurora (1927)
Um dos filmes que mais me surpreendeu esse ano, pela sua grandiosidade (tanto de técnica e forma, quanto de interpretações e roteiro) ainda na década de 1920. O diretor do Expressionismo Alemão, F. W. Murnau, realiza Aurora nos Estados Unidos, com características do movimento de seu país natal, como a dramaticidade e as cartelas artísticas.
O longa faz uma crítica ao crescimento das cidades e as suas tentações, usando de técnicas impressionantes para seu tempo, e impressiona com as atuações. É nesse filme uma das cenas mais fortes que já vi no cinema.'
7. Shiva Baby (2020)
Um dos filmes mais divertidos e caóticos que assisti em 2021. Shiva Baby é leve, mas sabe muito bem tratar de diversos conflitos que envolvem a entrada na vida adulta e sexualidade. Além de temas paralelos como a religião judaica, que é background do primeiro longa de Emma Seligman. Um velório (de alguém que nem sequer a protagonista sabe a quem pertence) se torna mais uma reunião de família e, com ela, temas e opiniões desconfortáveis de adultos geram um clima claustrofóbico e de muita ansiedade.
* Crítica sobre o filme aqui.
6. Pieces of a Woman (2020)
Com uma primeira cena que te faz prender o fôlego durante minutos, que parecem horas, Pieces of a Woman é extremamente forte, abordando a maternidade, relações amorosas e familiares, e a vida depois de um trauma. Vanessa Kirby interpreta com sensibilidade a história da dor que nenhuma mulher merece sentir. Um filme sobre culpa, perdão e sobre o que verdadeiramente importa.
5. Terra Selvagem (2017)
Dirigido por Taylor Sheridan, responsável pelo roteiro de Sicario (2015) e A Qualquer Custo (2016), aqui temos um forte suspense dramático ambientado em uma cidade afastada e gélida. Um caçador de coiotes (Jeremy Renner) encontra o corpo de uma jovem no meio da neve. Para investigar o crime, uma agente do FBI (Elizabeth Olsen) chega na cidade. Os dois trabalham juntos para entender o que aconteceu, sem parar até descobrir a verdade.
4. Central do Brasil (1998)
O clássico brasileiro, e um de nossos mais famosos títulos, é um acalento no coração. Walter Salles representa o Brasil múltiplo que somos, e usa uma história emocionante de dois personagens que se acompanham e se ajudam: a ex-professora, Dora (Fernanda Montenegro), e o jovem Josué (Vinicius de Oliveira). Uma de nossas pérolas preciosas.
3. À Espreita do Mal (2019)
Quem me conhece e me acompanha certamente já me viu falando desse filme. Passei algumas vezes pela miniatura da Netflix, mas nem pensei em assistir, porque tenho muito medo de pessoas com máscaras, e a capa é uma pessoa com uma máscara de sapo terrivelmente assustadora. Porém, depois de tantas pessoas me indicarem, resolvi dar uma chance.
O despretensioso longa mostra uma família rica que vive em uma cidade onde vários meninos estão desaparecendo. O pai e marido dessa família é também o detetive que está investigando o caso. Na casa deles, começam a acontecer coisas muito estranhas, como uma presença sobrenatural agindo. Fica a questão de como esses crimes estão relacionados aos acontecimentos da casa.
* Crítica sobre o filme aqui.
2. Crepúsculo dos Deuses (1950)
Uma verdadeira obra-prima, Crepúsculo dos Deuses fala muito sobre a própria história do cinema. A personagem Norma Desmond, vivida por Gloria Swanson, ilustra a consequência da chegada do som no cinema na vida das grandes estrelas do cinema mudo. O filme de estilo noir conta, inclusive, com a participação de Buster Keaton, um grande nome que também acabou sendo esquecido, como muitos outros. Este é um clássico essencial.
1. Pequena Mamãe (2021)
O meu favorito do ano foi um dos últimos que assisti no Festival do Rio. É o novo longa da diretora Céline Sciamma, responsável por Retrato de Uma Jovem em Chamas (2019) e Tomboy (2011). Nesse sensível e agradável filme, a pequena Marion vai com sua mãe e seu pai para a antiga casa de infância da mãe, para recolher os pertences dela após a morte da avó materna. O local desperta muitas lembranças.
Sem dúvida, um dos filmes mais lindos que já assisti. Desperta bons sentimentos e, quando acaba, você fica em paz.
Top 30 favoritos do ano (continuação)
11. Marighella (2021)
12. Amor à Flor da Pele (2000)
13. Booksmart (2019)
14. First Cow (2019)
15. O Conto (2018)
16. Soul (2020)
17. Duna (2021)
18. O Homem do Futuro (2011)
19. Sicario (2015)
20. The Game (1997)
21. Nomadland (2020)
22. Minari (2020)
23. Os 7 de Chicago (2020)
24. O Mauritano (2021)
25. O Plano Perfeito (2006)
26. Duro de Matar (1988)
27. A Sala de Fermat (2007)
28. Maus Momentos no Hotel Royale (2018)
29. Palm Springs (2020)
30. First Reformed (2017)
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