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Foto do escritorLuisa Melo Guerrero

David Contra os Bancos (2023)


Rory Kinnear em David Contra os Bancos (2013)

Em seu novo filme, o diretor inglês Chris Foggin (Um Natal Improvável, 2022) resolve abordar uma história real (ou "mais ou menos" real, como é apresentado no começo do longa) sobre Dave Fishwick (vivido por Rory Kinnear), um vendedor de carros que costumava emprestar dinheiro para muitas pessoas de sua cidade no interior da Inglaterra, Burnley, até que resolve abrir um banco local para que esses empréstimos sejam melhor administrados e investimentos possam ser realizados.


O filme, entretanto, apesar de seu título, reserva pouquíssimo tempo para Dave, uma figura ingênua sobre a qual mal conhecemos, e opta por concentrar-se no personagem de Hugh (Joel Fry), o advogado enviado de Londres para Burnley a fim de ajudar o novo empreendimento. A princípio cético sobre a possibilidade de um novo banco, Hugh acaba comprando a ideia de Dave, um vendedor decidido e preparado que deseja a melhoria de sua cidade. Se ainda haviam dúvidas sobre tamanha bondade do homem, elas desaparecem quando ele afirma que todos os lucros do banco seriam voltados para os comércios locais.

Joel Fry e Rory Kinnear

Assistindo ao filme, pode-se ter uma estranha sensação de estar assistindo a um episódio de série. Isso porque é como se tivéssemos pegado "o bonde andando", com uma apresentação rápida, onde logo caímos nos dilemas internos e profissionais de Hugh. Além disso, a partir do momento em que ele conhece Alexandra (Phoebe Dynevor), o longa-metragem se aproxima muitas vezes de uma comédia romântica, mas que também não é aprofundada pela falta de proximidade entre os personagens.


David Contra os Bancos parece querer ser muitas coisas, em uma dança que passa pela cinebiografia, uma crítica aos grandes bancos, a história de um advogado frustrado com a cidade grande, e uma comédia romântica pouco cativante. A parte crítica aos banqueiros levanta pontos válidos, mas traz vilões caricatos que estão sempre confirmando pouco se importar com a população ou qualquer outra coisa além de suas fortunas. Além disso, o filme parece jogar a personagem Henrietta (Naomi Battrick) como um obstáculo para andamento da história, o que torna difícil acreditar que isso tudo seja baseado em algo próximo ao real.

Kinnear e o vocalista da banda Def Leppard

O personagem Dave, cuja cinebiografia tornou-se uma história fictícia sobre seu advogado, acabou sendo usado no filme como alívio cômico e personagem perfeito até demais, que aparece sempre muito rapidamente para ajudar outras pessoas, ser defendido, fazer grandes discursos e cantar karaokê.


Ao fim do longa-metragem, ainda assistimos a umas duas músicas de um show da banda Def Leppard em um evento para conseguir fundos para a abertura do Bank of Dave, algo que nunca aconteceu. O próprio banco ainda não existe oficialmente, mas sim uma empresa de empréstimos criada por Dave Fishwick, que estava frustrado com o sistema bancário do país.


Apesar de a história real ser interessante, os próprios realizadores do filme não pareceram acreditar que era boa o suficiente, escolhendo encher de elementos que jamais aconteceram e dar foco a outro personagem, ao invés de aprofundar aquela que supostamente seria a figura central, Dave Fishwick, um homem que ficamos curiosos para conhecer melhor.

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