Um dos novos filmes da Netflix, dirigido por Joe Wright (Orgulho e Preconceito, 2005), levantou as expectativas do público ao propor um mistério estrelado por uma de nossas grandes atrizes atuais, Amy Adams (Animais Noturnos e A Chegada), mas que acabou deixando a desejar.
A Mulher na Janela traz a personagem de Anna, interpretada por Adams, que desenvolveu a doença agorafobia, um transtorno que gera o medo extremo de estar em lugares públicos, sendo doloroso para a personagem até mesmo chegar perto da porta de entrada da casa. Com isso, a mulher passa os seus dias bebendo vinho, assistindo a filmes antigos e espionando a rua lá fora. Até que um dia, uma família se muda para a casa da frente, despertando a curiosidade de Anna.
A premissa do filme imediatamente nos remete ao clássico Janela Indiscreta (1954), de Hitchcock, em que o protagonista está com a perna quebrada e não pode sair de casa, tendo seus dias resumidos a espionar os vizinhos do prédio da frente. Mas as semelhanças não param por aí, o novo filme de Wright é, de fato, uma tentativa de fazer uma homenagem ao pai do suspense, mas infelizmente chega a frustrar o espectador com o uso de exageros e recursos clichês.
Durante o primeiro ato, Anna recebe a visita de alguns personagens, algo que remete ao Mãe! (2017), de Aronofsky, em que pessoas indesejadas chegam à casa da protagonista vivida por Jennifer Lawrence. No caso de A Mulher na Janela, fica claro que a chegada de cada indivíduo serve para que o espectador comece a montar a sua lista de suspeitos do crime que virá a acontecer.
O uso de passagens confusas e longas é um dos elementos mais incômodos do longa. Aparentemente presentes para trazer a dramaticidade, acaba por exagerar nesse propósito. Além disso, cenas e atuações que pecam pelo mesmo motivo, como na cena em que a personagem busca seu celular, gerando uma reação excessiva e sem nexo em todos os sentidos.
Um dos pontos mais frustrantes de A Mulher na Janela, é o fato de ter um elenco composto por atores e atrizes excelentes (Julianne Moore, Gary Oldman, Brian Tyree Henry, Tracy Letts) mas que pouco são explorados, já que o roteiro não se aprofunda em nenhum deles. Aqui temos uma obra tão espalhafatosa que acaba se sobressaindo em qualquer aspecto, tornando-a rasa.
Não há espaço para respiro e crescimento da tensão, fazendo falta o silêncio, que é substituído pelo uso constante de músicas dramáticas que acabam por ultrapassar o necessário. Uma homenagem mais sóbria poderia ter trazido naturalidade e originalidade ao longa, elementos que passaram longe.
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