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Foto do escritorLuisa Melo Guerrero

Kinds of Kindness (2024)


Jesse Plemons em Kinds of Kindness.

O novo filme de Yorgos Lanthimos aborda um assunto recorrente em sua obra: o controle e a manipulação. Em Dente Canino (2009), um de seus primeiros longas, pelo qual o diretor ganhou notoriedade internacional, isso é tratado através da relação entre pais e filhos. Em O Lagosta (2015), ele expande para um universo distópico, enquanto em O Sacrifício do Cervo Sagrado (2017), acrescenta elementos sobrenaturais, onde a figura dominante é um jovem atormentado.


Em todos esses filmes, assim como em seus outros não citados, Lanthimos explora relações de poder e as diferentes formas em que elas se expressam. Em Kinds of Kindness (Tipos de Gentileza, no Brasil), que teve sua estreia no Festival de Cannes deste ano, ele faz isso através de uma antologia, onde acompanhamos três diferentes histórias. Em todas elas, porém, há um personagem em comum, cujo nome jamais é revelado (apenas suas iniciais: R.M.F.).


Apesar de tratar-se de uma grande produção, realizada nos Estados Unidos, com atores e atrizes consagrados, como Emma Stone (figura já recorrente em seus filmes), Willem Dafoe e Jesse Plemons, aqui o diretor parece menos preocupado em realizar uma obra de fácil compreensão. Não entendam mal: de forma alguma seus filmes anteriores são facilmente digeridos, mas não é necessário muito esforço para entender suas críticas e alegorias. Dessa vez, Lanthimos abraça ainda mais seu lado irônico e permite que a bizarrice tome conta, sem precisar que tudo seja explicado ou justificado.

Margaret Qualley, Jesse Plemons e Willem Dafoe em Kinds of Kindness.

Apesar da estética artificial, presente em quase todos os seus filmes, Kinds of Kindness parece mais livre. Menos sobre metáforas a serem interpretadas e muito mais sobre reações e sensações. Personagens que fazem escolhas duvidosas e têm atitudes esquisitas em histórias que, por vezes, parecem deslocadas da realidade. Provocações propositais para gerar desconforto no público.


Kinds of Kindness é uma espécie de exercício do diretor. É fato que não detém a mesma força de seus filmes anteriores e, por esse motivo, acabará sendo esquecido rapidamente — ainda mais após o magistral Pobres Criaturas, do ano passado, que ainda faz tanto barulho. Talvez seja a consciência disso que permita sua maior liberdade. Nem todo filme precisa ser genial ou receber dez indicações ao Oscar. Quem sabe, se realizadores fossem livres desse pensamento, teríamos mais filmes interessantes e menos preocupados em serem adorados, assim como Kinds of Kindness.


Kinds of Kindness estreia no dia 22 de Agosto nos cinemas.

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