Com diálogos simplórios e narrativa rasa, somos introduzidos a Back to Black, a mais nova cinebiografia sobre a cantora Amy Winehouse. Dirigido por Sam Taylor-Johnson (O Garoto de Liverpool, Cinquenta Tons de Cinza) e roteirizado por Matt Greenhalgh (O Garoto de Liverpool), acompanhamos a trajetória da artista, partindo de sua inserção no mercado musical e transitando pelos aspectos mais datados de sua história.
Ao anunciarem o lançamento de um filme sobre Amy, talvez os maiores questionamentos tenham sido: como reproduzir uma personalidade tão potente como a de Amy Winehouse? Como transmitir seu percurso sem cair na mesmice da dependência de drogas e relacionamentos de codependência? Eu não terei essa resposta, pois o longa nos entrega exatamente o que já foi visto milhares de vezes.
Enfoques interessantes e pouco explorados da vida de Amy, que poderiam afastar a narrativa do clichê, são deixados de lado. Seus anos conturbados, porém produtivos, de estudo na escola de artes performáticas Sylvia Young Theatre School ou a presença e importância das amigas em sua vida, as quais o documentário Amy (2015) torna evidente. O que o filme nos apresenta é praticamente uma caricatura do imaginário popular que se tem sobre Amy Winehouse, uma representação que poderia ter vindo de qualquer pessoa que a conhece superficialmente.
As sutilezas necessárias para construir emoção são completamente ignoradas, deixando os diálogos explicarem tudo. Não há espaço para devaneios da mente, uma das partes mais divertidas de assistir a um filme. É difícil compreender a linha temporal dos acontecimentos, provocando a sensação de indiferença. Onde o filme quer chegar? Acredito que nem ele mesmo saiba.
É importante pontuar que o filme tem sim seus aspectos positivos. A caracterização se destaca por ser um dos maiores pontos de imersão. Em diversos momentos, Marisa Abela assemelha-se tanto a Amy que acreditamos ser a própria cantora em tela. A dramaticidade de seus cabelos e sua maquiagem se intensificam a medida em que sua popularidade cresce. Nada é falso e polido, vemos as imperfeições e seu estilo, sua marca registrada. O delineado desigual cresce, assim como seus cabelos, que chegam cada vez mais perto dos céus.
Em compensação, a personalidade de Amy carece de autenticidade, o que é algo claramente atribuído à ausência de um direcionamento elucidativo ou falta de preparação de elenco, e não à atuação de Marisa, que se mostra uma atriz bastante competente. Em adição, a escolha de Jack O'Connell (Skins, Invencível) para interpretar Blake Fielder-Civil foi certeira. Sua aparição em tela representa um vislumbre de empolgação para o espectador se agarrar. Uma performance carismática que até leva a acreditar que o filme vai engatar a partir daí, o que não acontece.
Enquanto presenciamos um boom de cinebiografias, com inúmeros títulos lançados nos últimos anos, e muitos outros que ainda estão por vir, Back To Black não se destaca, e prova ser apenas mais uma delas. Ao deixar o cinema, a sensação que fica é a de que não vai demorar muito tempo para que o enredo desapareça de nossas cabeças.
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