Em meio a tantos debates sobre inteligência artificial, a Disney resolve elaborar um longa onde este é o assunto principal.
Em ‘’Resistência’’, as inteligências artificiais desenvolvem papéis de extrema importância no dia a dia da humanidade. Não como figuras robóticas que lembram ferramentas, mas sim em formas praticamente humanas ou, de fato, humanas. Até que, no ano de 2055, ocorre uma explosão em Los Angeles, nos Estados Unidos. O ocorrido é atribuído a Nirmata, residente da Nova Ásia e suposto criador de Alfa-O, arma extremamente poderosa capaz de destruir a humanidade.
Com isso, origina-se uma disputa entre oriente e ocidente. De um lado, América, com o desejo de aniquilar qualquer forma de inteligência artificial após a catástrofe, do outro, Nova Ásia que, mesmo depois da explosão, acredita que esta tecnologia seja o futuro. Pelo menos, é isso que o filme nos faz acreditar.
Dez anos após a explosão, o soldado Joshua (John David Washington), é recrutado para destruir Alfa-O. Ao descobrir que este possui a forma de uma criança, se vê em um empasse moral entre seu trabalho e seus conceitos. Ele havia perdido sua esposa (Gemma Chan) e seu filho para a guerra, um lugar em seu coração não suportaria ver outra criança partir. De uma hora para outra, Josh deixa de ser a esperança, para se tornar traidor de sua nação.
Alphie, apelido dado à criança, tem o desejo de que todos os robôs sejam livres. A disputa entre I.A. e humanos presente no filme, torna possível notar tentativas do diretor (Gareth Edwards) de se espelhar em Blade Runner (1982). Isto em virtude da perseguição sobre as máquinas, que ocorre em ambos, e pelo nome dado a elas. Em ‘’Resistência’’, ‘’Simulantes’’, assemelhando-se à ‘’Replicantes’’, como são chamados no longa de 1982. É uma comparação injusta, mas merece a menção.
A história é interessante e promissora, uma pena que desenvolva certos assuntos de forma apressada, feito impressionante para um filme com duração de duas horas e quatorze minutos. Acontecimentos importantes são revelados de mão beijada, enquanto somos sobrecarregados com cenas de ação, nem sempre relevantes para desenrolar da trama. O final decepciona, o tão esperado encontro parece não compreender propósito, existe por existir. No entanto, é curioso observar a virada do cinema estadunidense, onde o público é incentivado a torcer pelo o protagonista americano que não poderia ligar menos para honrar seu país.
Apesar das disfunções, é notável o que o diretor conseguiu realizar com o orçamento de apenas 80 milhões de dólares, diminuto para os padrões americanos quando o assunto é filme de ação. O figurino e a arte se atentam aos detalhes, e criam um universo futurista extremamente crível. Mas ainda que não apresente grandes quebras de expectativa, ‘’Resistência’’ é um filme que, certamente, irá agradar os fãs de ficção científica, que se sentirão em casa, presenciando momentos que soam como homenagens a outros filmes do gênero, enquanto fundem-se com uma temática extremamente atual.
Resistência chega aos cinemas no dia 28 de setembro de 2023.
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