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Foto do escritorLuisa Melo Guerrero

I May Destroy You


Precisamos falar sobre I May Destroy You.


Ao mesmo tempo, chego a um impasse porque essa série é de deixar sem palavras. Difícil é acreditar que os 12 episódios tenham apenas 30 minutos cada, já que é um tanto de informação e história, mas tudo isso tratado com devida profundidade e sensibilidade.


Michaela Coel decidiu contar a sua experiência e, de forma orquestrada criou, roteirizou, co-dirigiu e protagonizou a série que foi lamentavelmente esquecida pelo Globo de Ouro.


Totalizando por volta de seis horas, a trama nos apresenta Arabella, uma mulher de 30 anos que foi drogada e estuprada em um bar. A personagem demora a entender de fato o que aconteceu por conta da substância que colocaram em sua bebida, que a fez esquecer. Nós acompanhamos esse processo de um pós-trauma junto da personagem que tenta lembrar o rosto de seu agressor, tendo também paralelamente algumas outras vivências que a cercam.


Diversas são as formas de abordar esse tema e, sem dúvida, essa foi uma das mais sensíveis e honestas. De forma inigualável, Michaela Coel nos traz um enredo dramático, mas sem medo de apostar no humor. O seu ponto mais marcante são as personagens, muito bem construídas e aprofundadas.


São comuns as histórias de vilões que humanizam e mostram o outro lado da moeda. Coel faz isso aqui, mas também mostra que as pessoas tomadas como "boas" não estão livres de erros. Seja o amigo querido, a amiga super atenciosa, ou a própria protagonista, vítima de violência sexual. Esta é, provavelmente, a grande questão da série: empatia.


A forma impecável como aborda a humanização das personagens é algo raro, assim como o final grandioso com que encerra a sua história.


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