O filme menos conhecido, e também menor sucesso de Quentin Tarantino, não deixa de ser um divertido e enérgico longa. À Prova de Morte (2007) é, declaradamente, uma homenagem aos filmes "B" da década de 1970, sendo isso esteticamente apresentado através de efeitos de uma película desgastada, cortes bruscos que atraem o foco do público, e da trilha sonora, sempre muito bem inserida nos momentos certos.
No longa, o Dublê Mike, vivido por Kurt Russell (O Enigma de Outro Mundo, Os Oito Odiados) é um lunático que busca grupos de jovens mulheres para assassiná-las com o seu carro "à prova de morte", que ele conseguiu por conta de sua profissão. Em um primeiro ato, nós acompanhamos um grupo com o qual nos conectamos e logo vemos a tragédia acontecer. Como sempre em Tarantino, temos uma tensão sendo criada, e nesse filme ela é um pouco longa demais em sua primeira parte.
Já na segunda parte, onde conhecemos um novo grupo de jovens mulheres, o filme nos traz Zoë Bell, que faz o papel dela mesma, uma dublê neozelandesa, que inclusive participou de outros filmes do diretor, como Kill Bill, Bastardos Inglórios e Os Oito Odiados. A personagem chega em contrapartida ao protagonista, e revela sua potência ao lado das amigas. Dessa vez, Tarantino encontra melhor o tempo da criação de tensão para o clímax, mas que não deixa de fazer um contraste com a história anterior.
Um dos pontos mais fortes da obra de Tarantino são seus diálogos, que é o que mais temos nesse filme. Por um lado, são longos e não exatamente marcantes, mas sim conversas casuais e muitas vezes supérfluas. Por sua vez, não caem no tédio, devido a verossimilhança. Com o auxílio da câmera, sempre próxima e em movimento, nos faz sentir parte daquelas histórias, como na cena onde a câmera gira no centro da mesa de lanchonete enquanto as personagens conversam. Desperta a curiosidade de saber mais sobre aquelas pessoas.
É também em sua segunda parte que o filme exalta a força de suas personagens femininas, retirando-as do lugar comum de fragilidade. Além disso, é inegável que o diretor tem muito estilo, e isso aparece bastante aqui através das cores, da excelente trilha sonora e, claro, das cenas de ação que fazem o/a espectador/a desejar entrar na tela e conter a situação.
Ainda que não seja uma obra-prima de Tarantino, transparece a sua autoria e essência através dos personagens e suas personalidades marcantes, e do visual estético que, mesmo inspirado em um estilo específico, fica evidente a mão do diretor. Além de ser divertido e ter um final satisfatório.
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